INQUÉRITOS

Cada ser humano é suscetível a um mesmo ruído de diversas formas. Determinado experimentalmente o ruído da escola com valores superiores a 70dB, elaborou-se um inquérito aplicado a professores e alunos, para avaliação do conforto acústico ambiental.

Responderam 555 alunos pertencendo a vinte e seis turmas: nove do 7º; seis do 8º; cinco do 9º; duas do 10º; uma do 11º e outra do 12º ano de escolaridade. Os alunos têm idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. Como as turmas do secundário são  quatro, fez-se o estudo estatístico global do terceiro ciclo e secundário.
Responderam 58 professores com idades compreendidas entre os 33 e os 55 anos. Apenas quatro professores têm idade superior a 50 aos, idade a partir da qual começa a haver perda de audição (presbiacusia); professores mais jovens apresentam problemas de perda auditiva. Fez-se um estudo abrangente dos professores independentemente da idade.

CONSEQUÊNCIAS DO RUÍDO
1-PERDA AUDITIVA
PELOS ALUNOS

Nos vários locais da escola o ruído é superior a 75dB. Segundo a OMS a partir desta intensidade há perda de audição a longo prazo. 
O zumbido é um ruído percebido mesmo quando não existe qualquer som ambiente. Embora a causa exata de zumbido seja desconhecida, muitos daqueles que têm uma exposição ao ruído apresentam zumbido. O ruído é a causa mais provável do zumbido e este pode ou não ocorrer simultaneamente com perda auditiva. 


CONCLUSÃO
  • O ruído é o segundo elemento mais referido como perturbador no ambiente escolar e pode ser uma das causas de 95% dos alunos apresentarem ocorrências de zumbido, podendo corresponder a um sinal de perda auditiva. 
  • O zumbido pode ser provocado pelo uso de MP3/ Ipod, pelo que os alunos deverão ter cuidado na sua utilização.
  • O ruído é responsável pela classificação de "razoável", quanto à capacidade de comunicar no ambiente escolar. 
2- PERDA AUDITIVA
PELOS PROFESSORES

CONCLUSÃO
A existência de ruído é o segundo fator que mais perturba os professores. Este afeta a audição de 41% de professores e 38% apresentam zumbido.  A capacidade de comunicar no ambiente escolar é, também, razoável, como consequência do ruído.


3- AMBIENTE DE ESTUDO E 
RENDIMENTO ESCOLAR

Quer alunos quer professores consideram que há ruído, embora a sensibilidade seja diferente como era de prever face à diferença de idades.



CONCLUSÕES
  • Verificou-se experimentalmente que nos variados locais da escola, o ruído ultrapassa os 75dB. Por isso, as conversas são apontadas como sendo o elemento mais perturbador.
  • As atividades desportivas não são um fator que perturbe os alunos, apesar de estarem sujeita a um ruído mais elevado(78dB). Durante e depois de uma atividade física o cérebro produz a endorfina que regula a emoção e a perceção da dor, ajudando a relaxar e a libertar stresse.
  • Nos diversos corredores de aceso às  salas de aula, durante o decorrer das mesmas, verificou-se um ruído superior a 75dB, daí que as salas vizinhas sejam a segunda causa apontada para a existência de ruído. Este ruído provém do interior das salas e terá origem nas conversas e no arrastamento de móveis. É um ruído que perturba o funcionamento da sala de aula, provocando, segundo a OMS, "perda de atenção, concentração e rendimento, a partir de valores iguais a 55 dB". 
O ambiente de estudo/trabalho quer para professores, quer para alunos, é essencialmente agitado, o que indicia a existência de indisciplina que gera ruído que é transmitido para os corredores e salas de aula contíguas.
Quando uma tarefa necessita de concentração, se existir um ruído repentino  ou contínuo, produzirá distracções que diminuirá a qualidade e quantidade de trabalho desenvolvido. 
O ruído produzido na própria aula, origina um ambiente que não é propício a uma boa aprendizagem. Daí que o rendimento escolar é considerado médio para a maioria de professores e alunos. 

Os resultados obtidos estão de acordo  o previsto pela OMS.



4- EFEITOS EXTRA AUDITIVOS DO RUÍDO

Além dos Sintomas Auditivos, o ruído exerce ação geral sobre várias funções orgânicas:

  • Segundo OKAMOTO E SANTOS (1996 apud MELLO, 1999) a exposição a ruído contínuo diminui a habilidade e o rendimento do indivíduo.
  • FILHO (2002), afirma que indivíduos submetidos a ruído intenso podem sofrer constrição dos pequenos vasos sanguíneos, reduzindo o volume de sangue e consequente alteração em seu fluxo, causando taquicardia e variações na pressão arterial.
  • De acordo com CARMO (1999), durante a exposição ao ruído ou mesmo após, muitos indivíduos apresentam alterações vestibulares, como vertigens, que podem ou não ser acompanhada de náuseas, vómitos e suores frios, dificultando o equilíbrio e a marcha. 
  • Quando o indivíduo é submetido à tensão em ambientes com níveis elevados de ruído, ocorre aumento dos índices de adrenalina e cortizona, que possibilitam o aumento da prolactina, que gera diminuição da potência sexual (COSTA, 1994 apud CARMO, 1999).
  • GOMEZ (1983 apud MEDEIROS, 1999) afirma que a ação do ruído ocupacional pode ocasionar diminuição do peristaltismo e da secreção gástrica, com aumento da acidez, enjoos, vómitos, perda do apetite, gastrites e úlceras e alterações que resultam em diarreia ou mesmo prisões de ventre. 
  • Segundo RIGO (2001) o ruído gera também alterações de humor, falta de atenção e concentração, cansaço, dores de cabeça , ansiedade, depressão”.
    Professores e alunos responderam no questionário a algumas perguntas sobre sintomas extra auditivos.


    CONCLUSÃO
    Além do ruído provocar um rendimento escolar médio, provoca transtornos psicofísicos sobre o sistema nervoso quer de professores quer de alunos. É de notar que os sintomas extra auditivos apareceram na maioria dos inquiridos conjuntamente.